RESENHA BRAIN ENTREVISTA - PODCASTS 2020
PSA Peugeot-Citroën: estratégias de lucro #1 - Raphael Lima
Muitas mudanças estavam em curso na indústria automobilística antes da Pandemia do Covid-19, no entanto, assim como em outros setores, a atual crise sanitária global afetou expressivamente o mercado de automóveis. Neste podcast, o Professor Raphael Lima (UFF), coordenador do Grupo de Estudo em Desenvolvimento do Sul Fluminense (Gedesf) e do projeto Brazilian Research in Auto Industry (Brain), comenta algumas de suas análises sobre a atual conjuntura da indústria automobilística no Brasil e, principalmente, na região Sul Fluminense. A entrevista é uma amostra de como o setor automotivo no Brasil pode ser um objeto para sociologia e demais disciplinas das ciências humanas na reflexão de questões relativas à transformação do sistema capitalista como um todo.
O professor Raphael Lima problematiza ainda que o impacto da crise sanitária atual não pode ser calculado, mas as estratégias dos grupos automobilísticos a nível global demonstram algumas das possíveis tendências do setor. Um dos destaques é que o setor vinha passando por um processo de mudança no modelo de negócio, no qual a concentração na área de prestação de serviços vinha se expandindo a passos largos, em detrimento de uma diminuição de ações pautadas na produção e venda de veículos. Neste cenário, há uma mudança cultural/geracional da relação entre indivíduos e automóveis.
No entanto, com a atual política de distanciamento entre pessoas e dos efeitos dessa política nas relações sociais, a motivação para a aquisição de carros individualmente volta ser uma possibilidade de expansão. O professor aponta também a tendência na busca por novas fronteiras para a produção de veículos com um menor
custo de produção e como alguns países atuam com essa estratégia, como é o caso da China. Outro elemento importante é o avanço da indústria 4.0 e seus possíveis impactos, que já eram previstos antes mesmo da Pandemia do Covid-19.
O cenário de consolidação da indústria 4.0 não é novidade e essa reestruturação produtiva armazena em seu processo um potencial negativo para o futuro do mercado de mão-de-obra: a destruição avassaladora da empregabilidade. Isso não é uma afirmação sobre a consequência da expansão da indústria 4.0, mas uma constatação de seu potencial, assim como o processo de eletrificação tem um potencial de destruição de
emprego do “pós-automóvel”, ou seja, dos serviços relativos aos automóveis fora da fábrica, dado que a mudança de motores à combustão por motores elétricos sugere um conjunto de mão-de-obra especializado.
Por fim, o professor Raphael Lima aponta uma autocrítica do próprio setor automobilístico sobre sua atuação nos últimos anos: a negligência do setor com consumidor. Essa autocrítica denota a organização para a adequação às demandas urgentes que vem sido pautadas nesses últimos meses. De modo geral, a crise sanitária provocada pelo Covid-19 é vista como um “divisor de águas” da atual transformação que a indústria automobilística vinha passando (da prestação de serviço como uma tendência), contudo, é necessário um tempo para avaliar se o caráter dessa transformação será temporário. Você pode acessar a entrevista na integra no link abaixo.
Sobre o autor.
Lucas do Amaral Afonso é doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense
Sobre o autor.
Lucas do Amaral Afonso é doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense
Triple Helix, E-Delivery, inovação, empreendedorismo e indústria automobilística #2 - Marcelo Amaral
As pesquisas sobre indústria automobilística alcançam variadas perspectivas e Interpretações, no entanto, a constatação de que o setor aponta para processos de inovação é um consenso entre essas diversas abordagens. Contudo, a inovação não é uma instituição autônoma que determina os rumos da indústria automobilística, mas sim um movimento cuja gestão é realizada de acordo com determinados interesses. Neste sentido, existem alguns modelos teóricos para compreender, discutir e propor a gestão da inovação e um deles é a Triple Helix. Para refletir sobre este tema, o professor Marcelo Amaral, do Departamento de Administração da Universidade Federal Fluminense, foi entrevistado por Leonardo Ângelo da Silva, bolsista da FAPERJ e integrante do Brazilian Research in Auto Industry (Brain).
Na entrevista, de início é possível compreender que o modelo Triple Helix é pensado para pautar a gestão da inovação e o desenvolvimento, assim, de acordo com o professor Marcelo Amaral, o modelo não existe sem inovação. A metáfora de uma hélice tripla tem a intenção de organizar os atores em três esferas: a universidade, que assume o papel social da geração de conhecimento técnico e científico; o setor de bens e serviços, considerado também como industry, que se refere ao setor produtivo da economia, ou simplesmente as empresas; e o governo, que assume o papel de fomentar o desenvolvimento e garantir a efetivação dos contratos entre as outras esferas.
A proposta fundamental da Triple Helix é a organização dos atores em grupos, de modo que possam assumir seus papéis nos processos de desenvolvimento e inovação, no entanto, apenas a junção das três esferas acima mencionadas não garante a existência de uma Triple Helix, pois os atores precisam realizar seus respectivos papeis. No Brasil, a utilização do modelo não teria eficácia, não fosse o aperfeiçoamento da Triple Helix para utilização em contextos como desenvolvimento regional. Este modelo teórico é visto muitas vezes como limitado ao fim mercadológico, porém, o Professor Marcelo Amaral argumenta que é possível sua utilização para benefício social.
O Brasil teve um período de destaque no funcionamento da Triple Helix, que segundo o professor Marcelo Amaral, data de 1930 a 1980, neste período, ocorreu uma espécie de “Triple Helix enviesada”, na qual o Estado centralizou as políticas orientada ao mercado interno, movimento conhecido também como industrialização por substituições de importações. A tríade universidade-empresa-governo precisa estar em “nível” equivalente, e a interpretação do entrevistado é de que isso não acontece no Brasil, pois a pesquisa na universidade brasileira é tardia, o que dificulta a interação entre universidade e empresa, sobretudo em relação à tecnologia.
Nessa entrevista, o professor Marcelo Amaral comenta ainda sobre o carro elétrico e o e-delivery, destacando que o desenvolvimento tecnológico do carro elétrico está relacionado a três importantes vertentes: a inovação, os materiais e a transformação
digital e o Brasil não se encontra em nenhuma dessas três, sendo a Triple Helix uma
possibilidade para o país criar maneiras para participar efetivamente dessa cadeia global de valor. Por fim, a entrevista trata sobre o Mobility-as-a-Service, o movimento de
mudança de um mercado de produto (no qual o serviço é secundário) para um mercado
exclusivamente de serviço e aponta para algumas reflexões sobre a atual crise sanitária.
Para saber mais, acesse abaixo a entrevista na íntegra.
Mudança para powertrain elétrico e os desafios para o Brasil #3 - Mario Sergio Salerno
O carro elétrico é uma real ameaça para o motor a combustão? A indústria automobilística está empenhada no desenvolvimento do carro elétrico como uma nova modalidade de automóvel? Como isso afetará a vida das pessoas? O Brasil está preparado para receber tamanha mudança? Essas e outras questões têm se tornado cada vez mais recorrentes entre os interessados em compreender sobre o desenvolvimento de veículos elétricos ou, como prefere a literatura sobre o tema: o powertrain elétrico (o termo em inglês se refere ao conjunto de componentes responsáveis pela propulsão de um determinado veículo).
Neste podcast, o professor Mario Sergio Salerno explora algumas das principais questões relativas à mudança de motor a combustão para powertrain elétrico. Resultado de uma entrevista entre o Professor Raphael Lima (UFF) e Leonardo Ângelo da Silva (Bolsista FAPERJ), este podcast inicia com o relato da longa trajetória professor Mario Salerno, que atuou no Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) como pesquisador, dentre outros temas, da indústria automobilística e atualmente é Professor Titular do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Imagine se, na produção de um objeto, um componente importante que é produzido na mesma cidade tenha que vir de outro país, sendo três vezes mais caro. Evidentemente, isso encareceria o objeto produzido, mas quem define o fornecedor do item? O que está em jogo? Estamos falando de um cabo acelerador e de uma das histórias contadas pelo professor Salermo que nos ajudam a compreender algumas questões sobre as relações de produção na indústria automobilística. Essas questões nos alertam sobre a complexidade das relações sociais de produção, assim, uma mudança do principal produto da indústria automobilística aciona a reflexão sobre a mudança nas relações de produção do setor.
O professor Salermo destaca, por exemplo, que não se sabe ainda quem está à frente da disputa sobre o designer dominante do carro elétrico, mas algumas constatações são possíveis de sublinhar, como é o caso do veículo como um objeto produtor de dados e os motoristas e passageiros como consumidores dos dados produzidos e, neste sentido, estamos falando das finalidades e possibilidades que o desenvolvimento tecnológico dos carros podem proporcionar. Salermo destaca ainda o fato de o carro ser apenas um meio para se fazer outros negócios, como por exemplo, o fornecimento de combustíveis, manutenção, tecnologias etc.
A consolidação de powertrain elétrico no Brasil, de acordo com o Professor Salermo, terá uma entrada por nichos importados e, evidentemente, com preços altos, principalmente pela tecnologia empregada no produto. Isso é um dilema para a indústria de autopeças, que de alguma maneira, tem no motor a combustão o “carro chefe” de sua economia e com a indústria automotiva caminhando para a consolidação de powertrain elétrico, que demanda um número de peças muito menor quando comparado ao motor a combustão, espera-se uma recomposição na organização produtiva de fornecedores de autopeças.
Essas e outras questões ilustram um cenário de mudança no volume de empregos na indústria automobilística, implicando na organização do trabalho e dos trabalhadores. Na entrevista, o professor fala ainda sobre os sindicatos, formação de profissionais, e diversos outros temas que envolvem o debate sobre a mudança para powertrain elétrico e os desafios para o Brasil. Se quiser saber mais, acesse abaixo este e outros podcast do Brazilian Research in Auto Industry (Brain), abaixo.
Sobre o autor.
Lucas do Amaral Afonso é doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense
Sobre o autor.
Lucas do Amaral Afonso é doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense
Deslocamentos e construção de novos territórios produtivos do setor automotivo #4 - João Dulci
Qual local é mais adequado para se instalar uma indústria automobilística no Brasil? Se você estivesse lendo essa mensagem na década de 1970, essa pergunta quase que não teria sentido, pois o local mais adequado seria aquele em que existe uma tradição industrial automotiva, ou seja, o ABC Paulista. A compreensão de territórios como espaços construídos socialmente aponta para as diversas influências, em diferentes níveis, na constituição de clusters industriais. João Dulci, professor do departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora, é um dos pesquisadores que problematizam a questão do território nos processos de desenvolvimento econômico e vice-versa e neste podcast trata de um dos principais temas de sua pesquisa: a formação de clusters automotivos.
João Dulci inicia apresentando a sua trajetória de pesquisa, que integra estudos da sociologia do trabalho e da sociologia econômica, indicando o conceito de greenfield como uma chave importante para compreender novos problemas sociológicos para pensar a Cadeia Global de Valor. Greenfield é como se caracteriza uma região sem tradição industrial e, consequentemente, sem histórico sindical ou de institucionalidades jurídicas voltadas aos processos de trabalho na indústria, ao contrário do conceito de brownfield, que permite caracterizar regiões com um histórico industrial e, portanto, com tradições sindicais e jurídico institucionais do setor, como é a região do ABC paulista.
João Dulci apresenta algumas questões sobre a aplicação convencional do conceito de greenfield, como é o caso da planta da Ford instalada em Camaçari-BA, que foi a primeira planta automotiva instalada numa região já marcada pela presença de um polo petroquímico sem qualquer relação com a produção automotiva. Neste sentido, o professor segue com a proposta de criação de tipologias greenfields, considerando algumas de suas principais variáveis, contribuindo com essa literatura principalmente na resolução do seguinte problema: todas as novas regiões automotivas são greenfields? Esse repertório, além de contribuir com os estudos sobre indústria automobilística, permite refletir sobre regiões como o Sul Fluminense, que não contava com uma tradição de indústria automobilística ao receber novas unidades do setor, mas que tem um largo histórico de tradição industrial relacionado à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Mais que propriamente construir esquemas teóricos para identificar processos de desenvolvimento local, a preocupação do professor João Dulci está em compreender como os grupos econômicos e políticos dos territórios lidam com a dialética local-global desde uma perspectiva da Cadeia Global de Valor. Na entrevista, o professor apresenta alguns dos principais desafios em comparar três diferentes regiões que desenvolveram processos industriais automotivos (Camaçari - BA, Juiz de Fora - MG, Sul Fluminense – RJ) e apresenta uma análise sobre a atuação da Mercedes em Juiz de Fora, tanto de um ponto de vista territorial da chegada da empresa, quanto de um ponto de vista estratégico da produção.
Por fim, a entrevista trata ainda sobre políticas de incentivos fiscais e vantagens comparativas das regiões em processos de desenvolvimento local e apresenta a análise da conjuntura político-econômica no cenário de crise sanitária, com destaque para os dados do PIB negativos em mais de 10% e o esquema de demissões da indústria automobilística. Para saber mais, acesse o podcast.
Possíveis impactos da indústria 4.0: uma perspectiva trabalhista #5 - Fernando Ramalho
A Indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, é a expressão usada para designar a produção de bens de consumo a partir de tecnologias como manufatura aditiva, inteligência artificial, biologia sintética e sistemas ciber-físicos. Tecnologias estas que impactam diretamente a forma como os bens de consumo são produzidos e provoca uma grande transformação no mundo do trabalho. Sua repercussão está presente em toda a cadeia produtiva da indústria automobilística, da produção do parafuso a fabricação do carro. Esta indústria já está passando por um processo de realocação da sua cadeia produtiva que tem agitado o mundo do trabalho e que agora se vê diante dos desafios propostos pela Indústria 4.0.
Sobre essa perspectiva trabalhista que nosso entrevistado, o professor Fernando Ramalho, irá se debruçar em seus estudos. Fernando é professor da Universidade Estadual Paulista e atua nos seguintes grupos de pesquisa Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Profissões e Mobilidades, Grupo de Estudos Trabalho e Mobilidades e Organizações, pessoas e ambiente. Em entrevista realizada por Leonardo Ângelo da Silva (Bolsista FAPERJ), o professor nos presenteia com algumas de suas reflexões críticas sobre o mundo do trabalho, começando por uma breve descrição de sua trajetória como pesquisador, que nos permite observar como o caminho percorrido por ele contribuiu para a riqueza das suas análises.
Sua participação em projetos de pesquisa sobre a 'Mobilidade do Capital e do Trabalho no século XXI: análise comparativa dos impactos sobre trabalhadores dos setores automotivo e naval' e o ‘Trabalho e globalização periférica no Brasil: Um estudo comparativo em três setores produtivos’ tem grande peso nas suas reflexões sobre o impacto da Indústria 4.0 na perspectiva trabalhista, porque permitem uma análise comparativa entre os setores automobilístico, naval, têxtil e de tecnologia da informação. E, a partir da observação das relações de trabalho nas plantas produtivas da Mercedes em Iracemápolis e da Fiat em Goiana, é possível mensurar como as transformações da cadeia produtiva vêm afetando o trabalhador. Para além disso, Fernando destaca como esses trabalhadores têm se organizado para enfrentar as transformações da Indústria 4.0. Para saber mais acesse a entrevista na íntegra no link abaixo.
Sobre o autora.
Tamara Anita Alves Lima Marques é mestranda em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense
Sobre o autora.
Tamara Anita Alves Lima Marques é mestranda em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense
Reespacialização da indústria automotiva: olhar de um docente
pesquisador # 6 - Jacob Carlos Lima
A reespacialização da indústria automotiva é um tema importante que tem como
motivação as decisões estratégicas das empresas e os embates entre as diferentes forças
sociais, em uma tentativa de acordos vantajosos para todos. No entanto, o que podemos
observar é a organização mundial do capitalismo exercendo influência nessa dinâmica tendo como consequência de um resultado que não é satisfatório para todos os envolvidos, ocasionando uma disputa acirrada entre as localidades na esperança de atrair os investimentos automotivos para além de regiões brasileiras já consagradas pelo setor. E para falar um pouco desse tema, convidamos o professor Jacob Carlos Lima, que vem acompanhando a reespacialização da indústria desde da década de 90.
O professor tem um histórico de pesquisa voltado para os operários, desenvolveu
trabalhos em várias linhas. Entre elas, podemos citar: indústria e trabalho no Brasil, trabalho flexível e informalidade, sociologia no Brasil, inovações no processo de trabalho, etc. Essa vasta trajetória recebeu a influência de sua migração do sudeste para nordeste e de volta para sudeste, nos presenteando com uma riqueza de trabalhos de diferentes setores, como o automotivo e o digital. Sobre a reepacialização da indústria automotiva, o professor discorre sobre o caso de Iracemápolis/SP e Goiana/PE para apresentar os conceitos de greenfield e brownfield.
Ele traz algumas informações sobre o impacto das tecnologias da informação sobre a
cadeia automotiva e das relações de trabalho principalmente porque a pandemia do Covid-19 foi responsável por intensificar o uso dessas tecnologias no setor, que vinha de uma tentativa de recuperação da crise de 2015.Nesse sentido, ele também faz uma breve análise sobre a reforma trabalhista e sobre o “novo normal” das relações de trabalho. Para além disso, ele também fala um pouco da pesquisa sobre o chão de fábrica como peça fundamental para os estudos sociológicos do trabalho. Para saber mais, acesse a entrevista na íntegra no link abaixo.
Redes Globais de produção, variedades de capitalismo e desenvolvimento no polo automotivo do Sul Fluminense #7- Cristiano Monteiro
Convidado pelo Grupo de Estudos em Desenvolvimento do Sul Fluminense (GEDESF) para apresentar a situação atual de suas pesquisas, o professor Cristiano Monteiro, doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor Associado do Departamento de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense, traz ao acervo do Brain Entrevista um conjunto de questões relevantes para os estudos da Sociologia Econômica e da Indústria Automobilística.
Iniciando por sua trajetória de pesquisa relacionada à região Sul Fluminense, o professor ilustra em sua apresentação, como a região pode ser considerada uma espécie de laboratório do capitalismo brasileiro, na medida em que os objetos de pesquisa sociológicos focados no Sul Fluminense dialogam com problemas de pesquisas relativos aos comportamentos das instituições nas redes globais de produção. Com uma preocupação em observar mais atentamente as empresas e o que elas fazem para se manter em funcionamento, Monteiro frisa a metodologia de pesquisa a qual recorre atualmente, que está mais concentrada na literatura sobre Variedades de Capitalismo (VoC), com o foco nas dimensões das instituições nacionais e em suas articulações com as redes globais de produção.
Do ponto de vista das empresas, o professor busca uma abordagem top-down, ou seja, procura compreender como as empresas organizam suas respectivas redes e cadeias de produção e uma abordagem upgrading industrial, que diz respeito ao entendimento do comportamento dos agentes que fazem farte de uma determinada rede global de produção em sair de uma posição inferior para uma posição superior nessa rede. Outra questão importante tem a ver com a movimentação dos trabalhadores nessa cadeia e de que modo essa movimentação pode expressar importantes configurações do comportamento institucional na região.
O professor Cristiano Monteiro evidencia seu compromisso com a sociologia econômica ao enfatizar o interesse na compreensão sobre o enraizamento e os impactos que algumas instituições podem causar nos territórios em que estão operando. Neste sentido, estudar as relações de poder e agência na região Sul Fluminense reforça uma agenda da sociologia brasileira em compreender espaços de colaboração das redes sociopolíticas, tanto na construção de estratégias de desenvolvimentos local, quanto nos processos de construção de uma dinâmica institucional em busca de baixo custo de produção e de mercados para seus produtos e serviços. Para saber mais, acesse abaixo a entrevista na íntegra.
Sobre o autor.
Lucas do Amaral Afonso é doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense